Resenha: O abutre

O filme conta a história de Louis Bloom (Jake Gyllenhaal), um ladrão de metais que tenta ganhar a vida de um jeito fácil. Bloom até tenta arranjar um emprego decente, que possa construir sua carreira, mas seu status de ladrão acaba descredibilizando-o. Em seu caminho de volta para casa, Bloom tem sua atenção tomada por um acidente na avenida, na qual fica parado observando o acontecimento até se deparar com um cinegrafista freelancer, que filma todo o ocorrido e vítimas para vender para alguma emissora de TV.
Bloom se interessa por isso, acredita que é dinheiro fácil e compra uma câmera e um rádio de polícia no qual fica escutando o dia inteiro em busca de acidentes para fazer imagens e negociar com as emissoras. Seus vídeos começam a ter notoriedade pela mídia. Bloom entende que é um trabalho promissor e contrata um funcionário para ajudar no trabalho.

Os dias seguem até que ele encontra a catástrofe perfeita, um acidente no qual ele chega antes da polícia. Bloom entra em cena dando sentido à palavra “abutre“. Movido pelo dinheiro e pela falta de sentimentalismo ele começa a moldar a cena do crime, alterando o que pode no cenário a fim de que tudo se enquadre melhor em suas lentes. Esta é a grande chance do personagem obter algum êxito: alterar as cenas dos crimes lhe rendem muito mais dinheiro. Bloom começa a esquematizar seu próximo e último acidente do filme, o acidente que custa a vida de alguns figurantes, policiais e seu funcionário, o acidente que lhe rende dinheiro para a fundação da Video Production Services, sua empresa de imagens.

O filme traz à discussão não só os limites de onde termina o direito de um e começa o direito do outro, mas também fala sobre algo fundamental para uma sociedade, empatia. Empatia não só quando se deixa de importar com o próximo, mas com até o cometimento de crimes para ganhar uma “vantagem” utilizando outro ser humano como um verdadeiro objeto para o seu bem próprio, ignorando completamente os princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito, onde no Brasil prevê que a conduta da personagem já desde o início seria criminosa como declara o art. 135 do Código Penal/1940 na qual trata do crime de omissão de socorro onde é previsto pena de detenção de um a seis meses ou multa; na constituição sem dúvidas que após a ditadura militar um princípio muito buscado para o aperfeiçoamento do Estado Democrático é o da Dignidade da Pessoa Humana  com o claro objetivo de proteger o direito de todos em todas as situações.


Ana Beatriz Brito
Membro CineLegis - 2018


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