Ladrões de Bicicleta

Ladrões de Bicicleta é um dos filmes mais importantes do neorrealismo italiano, movimento este que se dedicava a retratar as consequências e dificuldades enfrentadas pela população que sobreviveu a segunda guerra mundial.  
As obras possuíam características diferenciadas das demais, como: baixo orçamento, filmagens realizadas ao ar livre, uso de atores amadores, uso da língua falada com diálogos simples, além d o uso da arte para denunciar a miséria prevalente à época.  Muitas foram as críticas por causa da imagem da Itália retratada através das lentes, levando os diretores a largarem o movimento anos depois.
Vittorio de Sica foi o responsável pela direção desta magnifica obra, e sabia como ninguém demonstrar o principal tema do movimento: o desespero humano pela sobrevivência. E é ele que nos convida a acompanhar a saga de uma família italiana da década de 40 que busca a sobrevivência, de forma grave e sentimental.
Todo o enredo se desenvolve em torno da história de um pai, Antonio Ricci, que busca um emprego e, assim como outros milhares de italianos, depois de muita espera, acaba sendo chamado para um posto de colador de cartazes, porém é informado que para este, ele deve possuir uma bicicleta. Ao retornar para sua casa, ao encontrar-se com sua esposa, Maria, estes decidem por vender alguns de seus pertences para conseguirem o dinheiro necessário para aquisição da bicicleta.

O primeiro dia de trabalho é o ponto marcante do filme, primeiramente, pela alegria expressada por um pai de família esperançoso, imaginado dias melhores. No entanto logo em seguida a desilusão o toma devido o seguinte.
Como forma de evitar spoilers, e como estudante de Direito, surge então o problema de analisar através do filme a necessidade de conceituar o papel que o Estado deve desempenhar como forma de superar os impasses do convívio social, em razão da complexidade das relações humanas modernas. Assim temos constatada uma crise na sociedade moderna que impôs ao Estado dificuldades ao seu exercício de um regime democrático legítimo.

Devemos perceber que uma característica comum às sociedades democráticas é o princípio nuclear do exercício da liberdade e a garantia da igualdade. Já o princípio constitucional da solidariedade soma-se a esses princípios no momento em que nos faz afastar da interpretação dos institutos do Estado de Direito como política individualista, que subordina a dimensão pública e o interesse geral ao primado absoluto dos valores e expectativas individuais.
Portanto, o Direito deve ser produto da vontade de agentes livres e iguais, vez que o Direito democrático considera todos os sujeitos como autores e destinatários de normas e instituições. Por isso, devemos ir além da noção de cidadania como mero status legal, para encará-la como cidadania moral que se materializa nas condições de participação do indivíduo na sociedade.

Anderson de Almeida
Acadêmico de Direito/UFRN

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