#Alive


Uma imagem contendo homem, raquete, barco, andando de

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            Dentro de um contexto pandêmico como o de hoje em dia, a boa sacada do lançamento do filme na plataforma Netflix se encaixou como uma luva. A produção Sul Coreana sobre resistência zumbi é um tanto quanto desconcertante por se assemelhar à realidade dos isolamentos de 2020, causados pela pandemia do COVID19, e por trazer as reflexões impostas pela dificuldade de relacionamentos em tais contextos extremos.

           Apesar de mortos-vivos já terem sido temas de centenas de produções cinematográficas que misturam geralmente horror, suspense, drama, comédia, romance, ação ou ficção científica, os monstros em sua maioria apesar de darem estrutura à trama, figuram apenas como coadjuvantes no desenrolar do enredo. Nesse filme, que apesar de ser uma produção asiática e de pouco orçamento, o enredo foi muito bem planejado e somado ao contexto atual, nos prende a certas similaridades que enfrentamos no presente. 

            Os aficionados por séries como The Walking Dead e Z Nation ou filmes como Guerra Mundial Z e Eu sou a Lenda, talvez sintam falta de efeitos especiais mais exagerados, característica não muito costumaz em filmes asiáticos, mas se alegrarão com o contexto em especial por já entenderem a dinâmica da trama. Por outro lado, o encanto que perceberão e se surpreenderão é com uma dedução lógica de todos aqueles que já viram produções do gênero, a curiosidade, heroísmo e falta de cautela nessas tramas não são as melhores atitudes, mostrando que justamente os mais improváveis são os mais aptos à sobrevivência.

           Ironicamente em um contexto pandêmico, os que eram mais reféns de tecnologias, aficionados por jogos e eletrônicos, pejorativamente chamados em nossa sociedade de “zumbis” por ficarem tanto tempo em frente às telas,  são os que tem mais facilidade e se mostram os mais capacitados para suportar o isolamento que se precede em contraponto àqueles que tinham o contato interpessoal como primordial.

            O filme mostra nuances das implicações dos valores sociais relevantes, ante o momento em que se enseja. Justiça, sanidade, solidariedade são totalmente relativizadas. As necessidades de contato físico, de manter um relacionamento, de confiança interpessoal ficam imensamente abaladas e se enquadram em segundo plano quando a prioridade é o bem maior, a vida. O protagonista deixa isso bem claro quando percebe que não existem mais a barreira do certo e errado, mas somente a do necessário à sobrevivência. Tal contexto deixa o espectador em um misto de angústia e inquietação aguardando sempre os próximos acontecimentos.


Edvaldo da Costa

Membro CineLegis

 


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