PERSÉPOLIS

     Uma das propostas do projeto Cine Legis é aliar o direito ao cinema, buscando na linguagem cinematográfica um instrumento motivador de debates socialmente relevantes, de modo a estimular nos estudantes o desenvolvimento do raciocínio crítico e da reflexão. Assim, foi realizada na última quinta-feira (14/06) uma atuação em uma escola estadual do Ensino Médio, a fim de trabalhar o conteúdo trabalhado em sala de aula. 

O filme escolhido para ser trabalhado foi Persepolis, baseado em uma história real de uma mulher iraniana chamada Marjane Satrapi. Ele narra e desenha em preto e branco sua vida e a trajetória de seu país ao longo dos quase quinze anos em que a narrativa se passa. Nesse ínterim, guerras, lutas, exílio, intolerância, revolução, ditadura e resistência perpassam a narrativa entrecruzando as histórias do país às suas experiências pessoais. 

No período que vai de 1950 a 1970, o Irã representava uma das maiores monarquias conservadoras apoiadas pelos EUA, no contexto da Guerra Fria. No entanto, a relação começou a ser desfeita no final dos anos 70, com o início da Revolução Iraniana. O capítulo inaugural do filme é nesse período de 1980, com o apoio de maioria da população, provocando a queda da monarquia. O novo governo passou a criticar o Ocidente, em especial os EUA. 
Nesse novo sistema, o uso do véu passou a ser obrigatório nas escolas, embora as meninas não compreendessem o significado dele. Músicas, filmes e produtos ocidentais eram estritamente proibidos, assim como qualquer bebida alcoólica. Nesse mesmo período, o Irã começou a tentar intervir nos assuntos internos de outros países, por exemplo do Iraque. Isso gerou insatisfação no governo iraquiano, fazendo com que Saddam Hussein declarasse guerra contra o Irã no final de 1980. 

Em 1984 essa guerra é intensificada e são poucas as possibilidades de se cruzar as fronteiras. No entanto os pais de Marjane encontram uma chance de enviar a menina para o exterior, mandando-a para Viena. Ela passa a enfrentar a solidão, a dificuldade do contato com outras línguas, outras culturas e a saudade do lar. Além disso, a guerra vai interferir na imagem que o povo iraniano demonstra frente as outras nações e isso vai ser exposto da sua permanência no país.

Depois de cerca de 4 anos longe de casa, ele decide retornar para casa. No entanto, ao ser atualizada da situação do seu país, o qual estava devastado pelos anos de guerra, bombardeios e o consequente saldo de mortos, Marjane é arrastada para um período de forte depressão, proveniente da dificuldade em se restabelecer iraniana. Após um casamento frustrado, no auge de seus vinte anos, ela decide sair de vez do Irã e tenta traçar novos caminhos na França, cena que encerra o filme, em 1992. 

Ao término do filme, os alunos compartilharam seus entendimentos sobre o filme, sob a perspectiva da liberdade de expressão. Foi percebido que esse direito foi bastante infringido ao longo do filme, quando ele na verdade deveria ter sido assegurado e garantido aos iranianos. Além disso, foi percebido como o totalitarismo e a intolerância, mais especificamente a política, atrapalham o convívio harmônico da sociedade. 

Com o filme, percebemos que Marjane começou como uma pequena garota que presenciou situações controversas em seu país, que enfrentou o desconhecido e a solidão, que se perdeu e reencontrou. No entanto, ela encarou todas essas dificuldades, todos os preconceitos, sem nunca aceitar o que lhe era imposto e acabou amadurecendo. 
Marina Olívia
Direito - UFRN
Membro do Cine Legis (Gestão 2018)

Nenhum comentário:

Postar um comentário