Em 1958, no contexto efervescente da luta por direito civis dos negros
na América do Norte, o casal, Richard e Mildred, lutam para que o Estado
Americano reconheça como legítima sua união inter-racial.
Este drama de época retrata um casal apaixonado que sempre sofreu um
preconceito velado, por olhares e palavras, de amigos e desconhecidos, mas que,
quando decidiram se casar, viram a real profundidade da hostilidade existente
contra sua união.
A narrativa é construída dentro da vida simples e da rotina de
trabalhos do casal, que, ao mesmo tempo em que enfrentam o drama de um processo
judicial que chega até a Suprema Corte, tentam criar seus filhos com amor e
segurança.
A personagem de Mildred encanta por sua força e simplicidade, paciência
e perseverança, sinceridade e inocência, diante de um cenário de grave violência
simbólica. É ela quem toma todas as iniciativas: telefonemas, visita aos
advogados, mudança da cidade para o campo pelo bem dos filhos. Com seu silêncio,
ela fala alto.
Richard é um homem simples, não acredita no judiciário, ele ama muito
Mildred, jamais se envergonha dela, quer honrá-la e protegê-la, construir a
casa dela. Ele não se importa com nenhuma opinião contrária, ao mesmo tempo em
que não aguenta mais a perseguição, a humilhação policial...e por isso concorda
com Mildred em prosseguir na batalha processual.
É chocante ouvir os argumentos das sentenças dadas em cada pedido
negado: “esta união é imoral, é uma degradação da raça humana, uma união que
gera frutos impuros...”.
No dia final de defesa, o advogado pergunta se Richard quer que ele
diga algo ao juiz. Richard se cala por um momento, franze a testa, traga uma
vez o cigarro e diz: -Doutor, diga a ele que eu amo a minha esposa.
É uma história sensível e real, de duas pessoas que só queriam ficar
juntas, se casar, sem se importarem com a etnia ou cor da pele, que, transpondo
a cada dia barreiras sociais, acabou mudando a legislação.
Suzana Oliveira - aluna do 5º período de Direito/UFRN
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