segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Capitão fantástico


 O filme estadunidense dirigido por Matt Ross, gira em torno de Ben (Viggo Mortensen) e seus 6 filhos, que vivem uma vida um tanto diferente dos moldes convencionais. Ben é um pai que criou os filhos num lugar remoto, no Pacífico Norte, longe da civilização moderna e de uma forma totalmente inesperada. As crianças aprendem idiomas, a legislação, a caçar e a lutar se necessário, para se defender. Mas uma situação inesperada surge e Ben e sua família são obrigados a voltar à cidade.


 Todos podem concluir que não será fácil esse reencontro com a civilização, o que faz com que algumas pessoas os tratem como insanos, até muitas vezes sem educação. Mas as comparações entre o “mundo” onde estão acostumados e o que verão não são necessariamente o problema. Os filhos de Ben mostram ter muita vantagem sobre os filhos que tiveram uma vida supostamente “normal” na cidade grande. O filme é uma história interessante que destaca a futilidade da tecnologia em alguns aspectos, além de mostrar que ter uma vida “normal” não necessariamente traz vantagem sobre aqueles que decidem por um estilo de vida diferente, que não é tradicional, segundo os ditames da sociedade em geral. Isso fica claro em uma das cenas que Ben chama sua filha mais nova e ela demonstra ter mais conhecimentos sobre o mundo do que as outras crianças maiores educadas em escolas tradicionais. Alguns diálogos são desconcertantes e não deixam de ser engraçados, apesar de temas importantes serem levantados no filme. 


Em suma Capitão Fantástico é um daqueles filmes que nos fazem questionar nosso modo de vida, nossas concepções de certo ou errado. Claro que devemos destacar que o diretor usa de uma forma utópica o modo de vida de uma família se ela fosse criada longe da civilização moderna. Entretanto o filme é bastante crítico com relação a vários fatores. Os valores, versões de histórias e culturas diferentes são colocados aqui. Passamos a questionar ao que damos valor e ao que estamos perdendo quando a família de Ben é nos apresentada, ao mesmo tempo, vemos que nenhuma forma de criação é perfeita, sempre haverá falhas e não existe o jeito certo ou errado de criar alguém, afinal cada pessoa possui sua particularidade do mundo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O show de Truman




O longa-metragem estrelado por Jim Carrey como protagonista exibe a rotina simples de Truman Burbank, um vendedor de seguros. Um aspecto desconhecido por esse personagem é o fato de seu cotidiano ser transmitido na televisão e as pessoas com as quais mantém contato serem atores e atrizes contratados. Em certo momento do filme, Truman (Jim Carrey) se torna consciente do reality show que é sua vida e questiona todo seu passado até fazer uma escolha.


O Show de Truman consiste em um filme envolto por reflexões e ainda é uma obra atual. Primeiro, evidencia a influência da mídia no nosso cotidiano ao ponto de estabelecer uma confusão entre o “mundo real” e o “mundo virtual”. Essa indivisibilidade está presente nos dias atuais por meio das redes sociais e internet as quais coletam informações pessoais para influenciar o consumo. Nesse longa-metragem, o protagonista utiliza produtos que são alvos de propaganda direcionada aos espectadores do reality. 


Por fim, pode-se relacionar O Show de Truman com Platão e o mito da caverna. No enredo, Truman conhece Lauren (Natascha McElhone) e se apaixona. Ela, consciente da realidade, tem o papel de despertar Truman da fantasia vivida por ele. Depois dessa leitura, assista ao filme o qual está disponível em alguns serviços de streaming. Esse longa provocará diversas reflexões em você.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

NÃO VAMOS PAGAR NADA - O FILME



    Este filme relata a realidade de alguns brasileiros, demonstrando de maneira explícita a influência da fome na sociedade, quando a personagem principal (Dona Antônia), desempregada e sem dinheiro para comprar alimentos para casa, se revolta no único mercado do bairro onde mora, pois, além de ter havido aumento dos preços, o mercado já não aceita mais fiado, é então que ela se mete em uma furada, fazendo uma confusão no mercado e influenciando os demais compradores, que juntos resolvem fazer um protesto e levar produtos do mercado sem pagar nada. A partir dessa confusão se inicia uma operação no bairro para descobrir quais foram as pessoas que participaram desse ato criminoso, não levando à solução imediata do problema, e sim, a uma série de outras infrações, o que irá acarretar a um final surpreendente, inesperado e justo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Cinema Paradiso (1988)


 O Drama de 1988 “Cinema Paradiso” consiste em uma celebração da vida por meio das lentes da 7ª arte. Considerado por muitos críticos a maior declaração de amor ao Cinema, o filme nos conta a história de um cineasta crescido que ao saber da morte de Alfredo, amigo projecionista de Infância, que o mostrou da magia do cinema, relembra os momentos mais marcantes de sua vida. Esse trama trata acerca da importância do Direito à arte: a importância do chamado “cinema paradiso” na pequena cidade de Toto, o protagonista, sendo este, por muitas décadas, uma das únicas formas de entretenimento da cidadezinha.

 Entre risos e lágrimas, o telespectador é levado a entender a arte como um aspecto formador de seres humanos, Toto foi educado pelo Cinema, assim como nós somos ao vermos um filme tão rico em reflexões como este. O direito de lembrar, o direito de esquecer, de seguir os nossos sonhos e sobretudo o direito à catarse são elencados no filme com muita emoção, é o cinema fazendo um ode a sí mesmo e em seu estilo mais clássico o possível. É uma obra arrebatadora, a qual mostra de fato que, nas palavras de Ferreira Gullar, “a arte existe porque a vida não basta”. O direito à arte, apesar de ser hoje em dia por vezes elitizado, deve ser plural, alcançar todas as almas. A arte existe para nos fazer crescer em humanidade e em espírito, a arte educa, cria e fascina. 

Com o desenrolar do filme, tem-se a tristeza de se ver o cinema paradiso abandonado, sensação colocada propositalmente pelo diretor, entretanto, o presente deixado pelo então falecido Alfredo a Toto, sendo este várias cenas de beijos hollywoodianos antes censuradas da sala do cinema, mostra-nos a esperança de que a arte se reinventa e vive para sempre, se atualiza, e mesmo aquela de um tempo já passado vive eternamente no coração daqueles que a verdadeiramente apreciaram e com ela aprenderam e cresceram. 


Texto por: Isadora Medeiros 

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Medianeras: Buenos Aires Na Era Do Amor Virtual

 


Ao longo de sua trama, girando em torno do gênero de drama e de romance, Medianeras: Buenos Aires na Era do amor virtual, foca as discussões de sua narrativa em torno da vida de dois cidadãos solitários na capital argentina e as suas ligações com a cidade, são eles, Martin, um escritor que trabalha com web design e vive isolado em seu pequeno apartamento e Mariana, arquiteta que trabalha como vitrinista em uma loja e vive em um apartamento próximo ao de Martin, porém separados pelas “medianeiras”, paredes que, por estarem muito próximas, quase coladas ao edifício vizinho, não possuem ou não se pode abrir as janelas.

Outro personagem marcante ao longo dos pequenos diálogos e das notáveis paisagens do filme é a própria cidade de Buenos Aires, mostrando-nos suas características estruturais bastante enraizadas e marcadas, muitas das vezes, pela falta de sensibilidade humana, ocasionando, dessa maneira, passagens e convívios solitários em torno da cidade, bem como na degeneração e a vulnerabilidade das relações sociais advindas pelo processo de urbanização e, em certo grau, pelo isolamento físico do mundo tecnológico e digital movido pela “era da internet”.

Medianeras é bastante significativo e tem a brilhante capacidade de nos inserir no centro de diversas discussões extremamente atuais, desde as relações superficiais nos grandes centros urbanos, o fator das sociedades contemporâneas e as condições e dinâmicas do isolamento social e, até mesmo, sob as novas formas de comunicação entre as pessoas, configurando-se como um aspecto de refúgio da realidade.

Não perca essa oportunidade! Desfrute e conheça um pouco mais de toda a produção crescente e o espaço singular do cinema latino-americano!


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Mr Nobody (Sr. Ninguém)


Original: Mr Nobody (Sr. Ninguém) (2009)

Duração: 2h 21min 

Designação: FantasiaFicção científicaDrama

Direção: Jaco Van Dormael

Elenco principal: Jared Leto, Sarah Polley, Diane Kruger

 

SINOPSE: Nemo, o senhor ninguém, é um homem comum que leva uma vida igualmente comum ao lado da mulher e de seus três filhos. Isso muda drasticamente quando sem a menor explicação ele acorda no ano de 2092 e está com 118 anos de idade. Mas isso não é o mais surpreendente, pois além dele ser o homem mais velho do mundo, ele também é o último mortal de uma nova espécie humana onde ninguém mais morre.

 

          O filme é aquela mescla de vários estilos, pode se dizer que é um drama com ênfase romântica, mas totalmente inserido na ficção. Começa de início como um filme monótono, daqueles que não chamam muita atenção se visto por algum desavisado. A sacada para o espectador é não perder nenhum minuto da trama, sob pena de ficar com mais indagações do que respostas. A trama foi muito bem elaborada, levando a grandes reflexões. Não se deve só observar os atores e suas falas, mas tudo que acontece em volta nos cenários, trazem revelações.

          As visões do filme são permeadas nos pontos de vista da evolução da vida do protagonista, vistas em idades diferentes como aos 7, 15 e 34 anos, mas delineadas pela interlocução de um senhor de 118 anos.

          Prepare-se para entrar num viés reflexivo com esse filme e entenda que talvez tenha que assisti-lo mais de uma vez para perceber os detalhes. As ligações com a física quântica e a possibilidade da existência de universos paralelos é uma ideia que fica perceptível mesmo aos que o assitem na primeira vez.

Fique atento! O final surpreendente talvez o façam voltar o filme algumas vezes, quem sabe até para mais uma olhada.


 

terça-feira, 17 de novembro de 2020

5 séries/documentários sobre meio ambiente!!

 


    A cada dia, a sociedade está mais aflita com as questões ambientais, até mesmo porque os efeitos já começaram a ser sentidos no dia a dia e as preocupações ultrapassam a perspectiva das gerações futuras e atingem as gerações presentes. Embora tratado com descaso, e um verdadeiro desmonte, pelo atual governo, a pauta ambiental é extremamente relevante para o mundo.
    No decorrer dos anos, muitos acordos, convenções, conferências e normativas, ao redor do planeta, voltaram-se para essa questão, por exemplo, a Declaração de Estocolmo (1972), a Conferência ECO-92, a Rio +20, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e a nossa maior norma, a Constituição Federal/88, em seu artigo 225, resguarda a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para a qualidade de vida.
    Diante da clara necessidade de constante conscientização e aprendizado sobre o tema, indicamos 5 séries ou documentários, disponíveis na Netflix, interessantes dentro desse contexto:
1.    Curta essa com Zac Efron (Down to Earth with Zac Efron): Já formado na High School, Zac Efron e seu guru Darin Olien viajam por 8 países (cada país, um episódio, ex: Islândia, Peru, Porto Rico) mostrando diversas ideias originais e bem sucedidas envolvendo desde de tratamento de água até reforço no sistema imunológico. A série é muito leve, divertida e esperançosa. Dá pra maratonar em 1 dia.
2.    Em Busca dos Corais (Chasing Coral): o documentário estadunidense de 2017, encabeçado pelo fotógrafo Richard Vevers, surgiu a partir de uma inquietação perante a mudança dos corais. É realmente angustiante ver a degradação desse animal formado por pólipos tão importante para os mares.
3.    Rotten: já na sua segunda temporada, o programa de tv foca no processo de fornecimento de alimentos, mostra a indústria oportunista e outros meios de produção.
4.    Minimalism: a documentary about the important things: em uma concepção de que meio ambiente envolve também os atos de consumo consciente, esse documentário questiona sobre a necessidade da posse e o que realmente traz felicidade, principalmente nas sociedades capitalistas. Cuidado com a Black Friday!
5.    Nosso Planeta (Our Planet): é uma série documental britânica dividida em 8 episódios repleta de paisagens indescritíveis, que nos causam espanto de como foram gravadas de tão perfeitas, embaladas pela narração de David Attenborough.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Apocalypse Now à deriva

 Apocalypse Now à deriva

 

 

 Apocalypse Now é uma adaptação para o cinema da obra Coração das Trevas, de Joseph Conrad, dirigido por Francis F. Coppola.

A narrativa do livro está inserida em um contexto de exploração e conquista do Estado Independente do Congo pela Bélgica e descreve a trajetória do inglês Charles Marlow navegando pelo rio Congo à procura de Kurtz, um comerciante de marfim que se entregou aos mistérios da cultura africana.

A leitura é uma imersão na [in]consciência humana, sob o ponto de vista de um homem branco inglês, que se depara com as realidades de uma cruel exploração de mão de obra travestida de trabalho temporário legal e de imposição da crença e da fé europeia aos africanos do Congo.

O roteiro inicial de Apocalypse Now foi escrito por John Milius e o filme só não foi dirigido por George Lucas porque ele já tinha emplacado Star Wars. Quando Coppola assume a direção do longa, ele escreve sua própria versão do roteiro, contextualizando a narrativa na Guerra do Vietnã, e consegue apoio para gravar nas Filipinas com suporte do exército do país, que usava os mesmos helicópteros para gravar as cenas de bombardeio com napalm e combater a guerra civil local.

Coppola usa toda a sua maestria para captar a essência do livro e consegue traduzir para a linguagem do cinema toda a oposição entre claro e escuro, luz e sombra, vida e morte, tão presentes na obra original.

As filmagens duraram 15 meses e o orçamento ultrapassou os U$ 30 milhões. Durante o período nas Filipinas, Martin Sheen sofreu um infarto, Coppola teve um ataque epilético, Marlon Brando, que interpreta Kurtz, se apresentou sem conhecer o texto, Hopper pediu 25g de cocaína pagos pela produção, houve uma investigação policial, pois foram usados cadáveres reais em uma das cenas do filme, um búfalo foi sacrificado e por aí vai...

A atuação de Martin Sheen merece um parágrafo exclusivo. Ele foi o 6º ator convidado por Coppola para interpretar o papel do inglês Charles Marlow, o capitão Willard do filme. Al Pacino e Jack Nicholson foram dois dos que rejeitaram o papel. Sheen passava por uma fase obscura, muito álcool, muito cigarro, muita confusão mental e, em uma das primeiras cenas do filme, ele cai, chora, dá um soco em um espelho, corta a mão e Coppola segue filmando. Essa é uma das cenas mais incríveis do cinema. Esse é o caos de Apocalypse Now.

O filme tem 3 versões: a 1ª é Apocalypse Now (1979), a 2ª é Apocalypse Now: Redux (1999), que ganhou uma cena em que Willard é recebido por uma família francesa descendente dos primeiros colonizadores, e a 3ª versão é Apocalypse Now: Final Cut (2019), versão reeditada e lançada em HD. 

Há também um documentário que registra o período das gravações: Francis Ford Coppola – o apocalypse de um cinesta e vale muito a pena ouvir a trilha sonora do filme.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020


Com muita satisfação, apresentamos o resultado do Processo Seletivo!

Agradecemos aos estudantes que tiveram interesse em participar e todos que contribuíram para o alcance cada vez maior das nossas redes sociais.

Aos não selecionados e aqueles que não puderam comparecer, encorajamos a buscar as demais iniciativas do curso, bem como a se inscrever novamente nos próximos processos seletivos do Cine. 

Esperamos que cada membro da nova gestão contribua com a construção de um espaço cada vez mais receptivo ao estudo interdisciplinar entre Direito e arte dentro do ambiente acadêmico, e que, como estudantes, possam expandir essa conquista às demais áreas da sociedade.

Segue abaixo a lista de selecionados para a Gestão:


Alba Angélica F. A. Ratis da Paz

Gabriel Geonimo de França Xavier

Isadora Meira Lima Gonçalves de Medeiros

Jéssica Tayná França dos Santos

João Sanches Bellini 

Lívia Caroline Lima de Oliveira

Zelda Maria dos Santos Miranda Lopes

domingo, 18 de outubro de 2020

Enola Holmes e o lugar da mulher

 Enola Holmes e o lugar da mulher




Confesso que comecei a assistir o filme com curiosidade por ser o “filme da

irmã do Sherlock Holmes” e me surpreendi. Ambientado na Inglaterra de 1884, um

momento histórico de mudanças, afinal a discussão em torno das reformas políticas

ganharam força, o filme trata da busca de Enola Holmes por sua mãe, Eudoria, que

desapareceu. Embora muitos acreditem que ela abandonou a filha por uma aventura

qualquer, a menina tem fé que existe algo maior por trás do desaparecimento da mãe e

passa a investigá-lo.


Eudoria e Enola sempre foram muito próximas, e aquela escolheu educar a filha

de uma forma diferente: ensinou artes maciais, leitura de obras políticas, química e

resolução de anagramas. Isso é no mínimo interessante se formos comparar com a

educação inglesa tradicional da época, que consistia em ensinar as meninas a se

tornarem ladys, por meio do ensino de bordado e da arte de cozinhar. Por isso, quando

Eudoria some e a educaçã de Enola é entregue ao seu irmão, Mycroft Holmes, um

conservador, sua primeira providência é enviá-la a um colégio interno tradicional.


Diversa vezes durante o filme somos apresentados a um universo de luta

feminina interessantíssimo que Eudoria estava inserida. Ela fazia parte de uma

sociedade secreta que era composta por sufragistas, pois o voto feminino na Inglaterra

só foi autorizado, a princípio, em 1918 e apenas em 1928 as mulheres alcançaram os

mesmos direitos que os homens, podendo votar e concorrer a uma vaga no parlamento.

As reuniões eram na casa que ela morava com Enola e eram proibidas. Mais tarde,

descobrimos que um dos motivos dela ter partido foi o desejo de mudar a conjuntura

atual das coisas, para que Enola não tivesse que ter um futuro designado por esse

mundo.


Por fim, o papel masculino no filme serve também para trazer uma reflexão

sobre como as decisões políticas da época (e mesmo as de hoje) podem ser motivadas

por interesses, seja qual for a espécie. Inclusive, em uma cena que o Sherlock está

conversando com uma das integrantes da sociedade secreta ele fala da luta como algo

entendiante e revela que não se interessa por política, ela então lhe diz: “Política não te

interessa porque você não se interessa em mudar um mundo que está bom para você.”

Assim, vale a pena assistir Enola Holmes não só pela história de mistério ao

mesmo tempo leve e densa, mas também por todos os detalhes que tangenciam o

enredo. Ah, o filme também derruba a quarta parede, pois a personagem principal fala

sobre os seus planos de investigação e de sua vida diretamente para a câmera, fazendo

com que o espectador se sinta dentro da história.


Mirella Santos

sábado, 10 de outubro de 2020

Edital - Seleção de Novos Membros

 

EDITAL DE SELEÇÃO 2020

O Cine Legis torna pública a abertura das inscrições para o processo seletivo de colaboradores voluntários que desenvolverão as atividades da Gestão 2020.

I Disposições Gerais

O Cine Legis é um Projeto de Ações Associadas que se liga aos departamentos de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com a finalidade de promover o ensino popular social e juridicamente relevantes, levando-o a alunos do ensino médio, principalmente da rede pública, do Rio Grande do Norte. Para tanto, lança mão da linguagem audiovisual como instrumento motivador, buscando uma maior aproximação do público com o tema. Além disso, promove exibições de cinema, seguidas de debates voltados à comunidade acadêmica, com vistas a instigar a reflexão crítica sobre questões importantes da atualidade.

II Da inscrição

Art. 1.º Entre os dias 10 e 17 de outubro de 2020 estarão abertas as inscrições para composição do grupo de alunos colaboradores do Cine Legis em 2020. Serão selecionados 7 (sete) membros selecionados, sendo todos alunos de graduação de qualquer universidade ou faculdade de Natal/RN.

Art. 2.º Para participar da seleção, cada participante deverá preencher o formulário de inscrição no link:

(https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd_dqB4qC2JH0bqhTSHX6IXYcbZWEvzEp2v8zRX-4YKsQwogA/viewform?usp=sf_link) até as 23h59 do dia 17 de outubro de 2020.

Art. 3.º Inscrições que não cumprirem as regras estabelecidas nos itens acima, ou não permitirem a perfeita identificação e localização dos participantes, não serão consideradas válidas, sendo eliminadas para fins de seleção.

Parágrafo único. O Organizador não arcará com qualquer responsabilidade por formulários de cadastramento ou respostas extraviadas(os), atrasadas(os) ou incompletas(os).

Art. 4.º Os candidatos que tiverem sua inscrição aceita serão posteriormente comunicados para participarem de entrevista VIRTUAL no dia 24 de outubro de 2020. (sábado).

III Da seleção

Art. 5.º A seleção será, em razão da pandemia do coronavírus, realizada virtualmente, por meio de plataforma Google Meet no dia 24.10.2020.

Art. 6.º A seleção será baseada nos seguintes critérios: disponibilidade de tempo, conhecimento e interesse pelo projeto, participação em eventos anteriores e nível de interesse pela pesquisa acadêmica.

Art. 7.º A comissão avaliadora será composta pelos atuais participantes do Cine Legis.

IV Do resultado

Art. 8.º O resultado final será divulgado até o dia 26 de outubro de 2020, por meio dos seguintes veículos: a. Blog do Cine Legis (http://cinelegisufrn.blogspot.com); b. Facebook do Cine Legis; c. Instagram do Cinelegis; d. E-mail dos selecionados.

V Disposições finais

Art. 9.º O processo seletivo terá validade de 6 (seis) meses, podendo ser prorrogado por igual período.

Art. 10.º O projeto Cine Legis reserva o direito de decidir sobre casos omissos neste Edital.

Art. 11.º Eventuais dúvidas poderão ser enviadas para o e-mail cinelegis@gmail.com.


Natal, 04 outubro de 2020.

Projeto Cine Legis.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Doze Homens e uma Sentença

    O filme desenvolve-se no cenário de um tribunal do júri Norte-americano, no qual
doze personagens de distintas personalidades compõem o júri responsável por dar o
veredito a respeito da culpabilidade ( conduzindo o réu à pena de morte ) ou inocência de
um jovem de 18 anos que está sendo julgado pelo assassinato do pai depois de uma briga.
Logo no início, o juiz orienta os jurados sobre a enorme responsabilidade que está recaindo
sobre eles, apresentando uma regra básica : somente no caso de certeza absoluta
(unanimidade) os jurados deveriam condenar ou inocentar o réu, ou seja, em caso de
dúvida ou discordância , os jurados deveriam votar pela absolvição, manifestando assim, o
principio de presunção da inocência . Inicialmente, ocorre uma votação para verificar quem
considerava o acusado culpado ou inocente, dos doze jurados, onze votaram pela
condenação e, apenas um optou pela inocência, enfatizando que, ele não tinha certeza da
inocência do réu, mas que também não estava convicto a respeito de sua culpa. Baseado
nisso, o mesmo inicia uma discussão dialética a respeito dos pontos não esclarecidos do
caso, tentando convencer os demais jurados de que as evidências de autoria, apresentadas
pela promotoria, poderiam não ser tão irrefutáveis e objetivas quanto pareciam no início.
    Nesse sentido, aos poucos os demais jurados começam a refletir sobre seus
próprios votos ,deixando de lado preconceitos que poderiam corromper o julgamento e a
cada rodada de votação, ao mesmo tempo em que ia sendo ampliada a contagem dos
votos de “inocente. Dessa forma, pode-se dizer que, um dos pontos pertinentes que se
pode extrair do filme é o relacionado à questão da fragilidade da justiça e sua necessária
imparcialidade, uma vez que, a sociedade, sendo composta de homens (cada qual com
seus pontos de vista pessoais)representa uma junção de preconceitos, opiniões e valores.
Sendo assim, a justiça, como parte do meio social, muitas vezes acaba por refletir
estereótipos dos quais deveria abster-se a fim de respeitar e manter imparcialidade
jurisdicional, que, na realidade, representa a própria essência da justiça. Ainda a respeito
da dinâmica do filme, é interessante notar que, em nenhum momento são colocadas cenas
em flashback do crime, ou seja, como ninguém daquela sala presenciou o assassinato, o
espectador também fica sem aquela informação, sendo assim, o telespectador se
transforma em um 13º jurado, podendo tirar suas próprias conclusões do caso e mudando
(ou não) de lado assim que a história progride.

 Rayssa Alves 

Membra CineLegis 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Antígona (Antigone, 2019)


Antígona, a resistência está no sangue é um filme lançado em 2019 no seu país de origem, Canadá, e estreia atualmente nas salas virtuais brasileiras. Assim como na tragédia grega produzida por Sófocles, no filme a personagem principal vive um embate entre obedecer as leis impostas pelo Estado ou seguir o que acredita ser certo e guiar-se pelo seu senso de justiça.

Buscando readaptar a obra do autor grego para os dias atuais, a diretora do longa Sophie Deraspe modifica um pouco do enredo, sem tirar o cerne da questão principal da obra. No longa, personagem principal vem de uma família de refugiados que por conta da pobreza e conflitos politicos se estabeleceu no Canadá. Aluna exemplar, Antigona vê sua vida virada para baixo quando uma tragédia atinge seus familiares, no mesmo ato um de seus irmãos é morto pela polícia enquanto o outro é preso. No fim,a personagem tem de escolher qual dos caminhos trilhados pelo filme seguir. Nesse diapasão nenhuma escolha será fácil.


Não se conformando com os rumos que Estado propõe para seus familiares e acreditando que a Justiça não está sendo aplicada, a estudante parte para uma aventura que aos olhos do Estado se configura como uma transgressão da lei.


O filme nos mostra diversas facetas, a questão dos refugiados, a relação da repressão policial, no entanto o que chama atenção é a faceta do confronto entre o jusnaturalismo e o juspositivismo.


Será que uma norma que emana do Estado sempre será justa e aplicada? A Alemanha Nazista estava amparada legalmente quando levava as pessoas para os campos de concentração, mas será que isso pode ser considerado justo?


O que dizer das normas que não “pegam? Pelo código de trânsito é proibido o pedestre caminhar pela rua, essa eu posso falar que já transgredi.


Então existem conceitos que devem ser obedecidos por todos os Estados quando produzem ou aplicam normas?


No plano do Direito Internacional, existem certas normas jus cogens que a depender do grau da transgressão podem até mesmo sofrer sanções penais, podemos citar a busca pela paz e a proibição ao genocídio.


São essas algumas reflexões que o filme traz, não se esgotando nelas.



Autor: Pedro Carvalho

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

#Alive


Uma imagem contendo homem, raquete, barco, andando de

Descrição gerada automaticamente           

            Dentro de um contexto pandêmico como o de hoje em dia, a boa sacada do lançamento do filme na plataforma Netflix se encaixou como uma luva. A produção Sul Coreana sobre resistência zumbi é um tanto quanto desconcertante por se assemelhar à realidade dos isolamentos de 2020, causados pela pandemia do COVID19, e por trazer as reflexões impostas pela dificuldade de relacionamentos em tais contextos extremos.

           Apesar de mortos-vivos já terem sido temas de centenas de produções cinematográficas que misturam geralmente horror, suspense, drama, comédia, romance, ação ou ficção científica, os monstros em sua maioria apesar de darem estrutura à trama, figuram apenas como coadjuvantes no desenrolar do enredo. Nesse filme, que apesar de ser uma produção asiática e de pouco orçamento, o enredo foi muito bem planejado e somado ao contexto atual, nos prende a certas similaridades que enfrentamos no presente. 

            Os aficionados por séries como The Walking Dead e Z Nation ou filmes como Guerra Mundial Z e Eu sou a Lenda, talvez sintam falta de efeitos especiais mais exagerados, característica não muito costumaz em filmes asiáticos, mas se alegrarão com o contexto em especial por já entenderem a dinâmica da trama. Por outro lado, o encanto que perceberão e se surpreenderão é com uma dedução lógica de todos aqueles que já viram produções do gênero, a curiosidade, heroísmo e falta de cautela nessas tramas não são as melhores atitudes, mostrando que justamente os mais improváveis são os mais aptos à sobrevivência.

           Ironicamente em um contexto pandêmico, os que eram mais reféns de tecnologias, aficionados por jogos e eletrônicos, pejorativamente chamados em nossa sociedade de “zumbis” por ficarem tanto tempo em frente às telas,  são os que tem mais facilidade e se mostram os mais capacitados para suportar o isolamento que se precede em contraponto àqueles que tinham o contato interpessoal como primordial.

            O filme mostra nuances das implicações dos valores sociais relevantes, ante o momento em que se enseja. Justiça, sanidade, solidariedade são totalmente relativizadas. As necessidades de contato físico, de manter um relacionamento, de confiança interpessoal ficam imensamente abaladas e se enquadram em segundo plano quando a prioridade é o bem maior, a vida. O protagonista deixa isso bem claro quando percebe que não existem mais a barreira do certo e errado, mas somente a do necessário à sobrevivência. Tal contexto deixa o espectador em um misto de angústia e inquietação aguardando sempre os próximos acontecimentos.


Edvaldo da Costa

Membro CineLegis