segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Medianeras: Buenos Aires Na Era Do Amor Virtual

 


Ao longo de sua trama, girando em torno do gênero de drama e de romance, Medianeras: Buenos Aires na Era do amor virtual, foca as discussões de sua narrativa em torno da vida de dois cidadãos solitários na capital argentina e as suas ligações com a cidade, são eles, Martin, um escritor que trabalha com web design e vive isolado em seu pequeno apartamento e Mariana, arquiteta que trabalha como vitrinista em uma loja e vive em um apartamento próximo ao de Martin, porém separados pelas “medianeiras”, paredes que, por estarem muito próximas, quase coladas ao edifício vizinho, não possuem ou não se pode abrir as janelas.

Outro personagem marcante ao longo dos pequenos diálogos e das notáveis paisagens do filme é a própria cidade de Buenos Aires, mostrando-nos suas características estruturais bastante enraizadas e marcadas, muitas das vezes, pela falta de sensibilidade humana, ocasionando, dessa maneira, passagens e convívios solitários em torno da cidade, bem como na degeneração e a vulnerabilidade das relações sociais advindas pelo processo de urbanização e, em certo grau, pelo isolamento físico do mundo tecnológico e digital movido pela “era da internet”.

Medianeras é bastante significativo e tem a brilhante capacidade de nos inserir no centro de diversas discussões extremamente atuais, desde as relações superficiais nos grandes centros urbanos, o fator das sociedades contemporâneas e as condições e dinâmicas do isolamento social e, até mesmo, sob as novas formas de comunicação entre as pessoas, configurando-se como um aspecto de refúgio da realidade.

Não perca essa oportunidade! Desfrute e conheça um pouco mais de toda a produção crescente e o espaço singular do cinema latino-americano!


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Mr Nobody (Sr. Ninguém)


Original: Mr Nobody (Sr. Ninguém) (2009)

Duração: 2h 21min 

Designação: FantasiaFicção científicaDrama

Direção: Jaco Van Dormael

Elenco principal: Jared Leto, Sarah Polley, Diane Kruger

 

SINOPSE: Nemo, o senhor ninguém, é um homem comum que leva uma vida igualmente comum ao lado da mulher e de seus três filhos. Isso muda drasticamente quando sem a menor explicação ele acorda no ano de 2092 e está com 118 anos de idade. Mas isso não é o mais surpreendente, pois além dele ser o homem mais velho do mundo, ele também é o último mortal de uma nova espécie humana onde ninguém mais morre.

 

          O filme é aquela mescla de vários estilos, pode se dizer que é um drama com ênfase romântica, mas totalmente inserido na ficção. Começa de início como um filme monótono, daqueles que não chamam muita atenção se visto por algum desavisado. A sacada para o espectador é não perder nenhum minuto da trama, sob pena de ficar com mais indagações do que respostas. A trama foi muito bem elaborada, levando a grandes reflexões. Não se deve só observar os atores e suas falas, mas tudo que acontece em volta nos cenários, trazem revelações.

          As visões do filme são permeadas nos pontos de vista da evolução da vida do protagonista, vistas em idades diferentes como aos 7, 15 e 34 anos, mas delineadas pela interlocução de um senhor de 118 anos.

          Prepare-se para entrar num viés reflexivo com esse filme e entenda que talvez tenha que assisti-lo mais de uma vez para perceber os detalhes. As ligações com a física quântica e a possibilidade da existência de universos paralelos é uma ideia que fica perceptível mesmo aos que o assitem na primeira vez.

Fique atento! O final surpreendente talvez o façam voltar o filme algumas vezes, quem sabe até para mais uma olhada.


 

terça-feira, 17 de novembro de 2020

5 séries/documentários sobre meio ambiente!!

 


    A cada dia, a sociedade está mais aflita com as questões ambientais, até mesmo porque os efeitos já começaram a ser sentidos no dia a dia e as preocupações ultrapassam a perspectiva das gerações futuras e atingem as gerações presentes. Embora tratado com descaso, e um verdadeiro desmonte, pelo atual governo, a pauta ambiental é extremamente relevante para o mundo.
    No decorrer dos anos, muitos acordos, convenções, conferências e normativas, ao redor do planeta, voltaram-se para essa questão, por exemplo, a Declaração de Estocolmo (1972), a Conferência ECO-92, a Rio +20, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e a nossa maior norma, a Constituição Federal/88, em seu artigo 225, resguarda a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para a qualidade de vida.
    Diante da clara necessidade de constante conscientização e aprendizado sobre o tema, indicamos 5 séries ou documentários, disponíveis na Netflix, interessantes dentro desse contexto:
1.    Curta essa com Zac Efron (Down to Earth with Zac Efron): Já formado na High School, Zac Efron e seu guru Darin Olien viajam por 8 países (cada país, um episódio, ex: Islândia, Peru, Porto Rico) mostrando diversas ideias originais e bem sucedidas envolvendo desde de tratamento de água até reforço no sistema imunológico. A série é muito leve, divertida e esperançosa. Dá pra maratonar em 1 dia.
2.    Em Busca dos Corais (Chasing Coral): o documentário estadunidense de 2017, encabeçado pelo fotógrafo Richard Vevers, surgiu a partir de uma inquietação perante a mudança dos corais. É realmente angustiante ver a degradação desse animal formado por pólipos tão importante para os mares.
3.    Rotten: já na sua segunda temporada, o programa de tv foca no processo de fornecimento de alimentos, mostra a indústria oportunista e outros meios de produção.
4.    Minimalism: a documentary about the important things: em uma concepção de que meio ambiente envolve também os atos de consumo consciente, esse documentário questiona sobre a necessidade da posse e o que realmente traz felicidade, principalmente nas sociedades capitalistas. Cuidado com a Black Friday!
5.    Nosso Planeta (Our Planet): é uma série documental britânica dividida em 8 episódios repleta de paisagens indescritíveis, que nos causam espanto de como foram gravadas de tão perfeitas, embaladas pela narração de David Attenborough.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Apocalypse Now à deriva

 Apocalypse Now à deriva

 

 

 Apocalypse Now é uma adaptação para o cinema da obra Coração das Trevas, de Joseph Conrad, dirigido por Francis F. Coppola.

A narrativa do livro está inserida em um contexto de exploração e conquista do Estado Independente do Congo pela Bélgica e descreve a trajetória do inglês Charles Marlow navegando pelo rio Congo à procura de Kurtz, um comerciante de marfim que se entregou aos mistérios da cultura africana.

A leitura é uma imersão na [in]consciência humana, sob o ponto de vista de um homem branco inglês, que se depara com as realidades de uma cruel exploração de mão de obra travestida de trabalho temporário legal e de imposição da crença e da fé europeia aos africanos do Congo.

O roteiro inicial de Apocalypse Now foi escrito por John Milius e o filme só não foi dirigido por George Lucas porque ele já tinha emplacado Star Wars. Quando Coppola assume a direção do longa, ele escreve sua própria versão do roteiro, contextualizando a narrativa na Guerra do Vietnã, e consegue apoio para gravar nas Filipinas com suporte do exército do país, que usava os mesmos helicópteros para gravar as cenas de bombardeio com napalm e combater a guerra civil local.

Coppola usa toda a sua maestria para captar a essência do livro e consegue traduzir para a linguagem do cinema toda a oposição entre claro e escuro, luz e sombra, vida e morte, tão presentes na obra original.

As filmagens duraram 15 meses e o orçamento ultrapassou os U$ 30 milhões. Durante o período nas Filipinas, Martin Sheen sofreu um infarto, Coppola teve um ataque epilético, Marlon Brando, que interpreta Kurtz, se apresentou sem conhecer o texto, Hopper pediu 25g de cocaína pagos pela produção, houve uma investigação policial, pois foram usados cadáveres reais em uma das cenas do filme, um búfalo foi sacrificado e por aí vai...

A atuação de Martin Sheen merece um parágrafo exclusivo. Ele foi o 6º ator convidado por Coppola para interpretar o papel do inglês Charles Marlow, o capitão Willard do filme. Al Pacino e Jack Nicholson foram dois dos que rejeitaram o papel. Sheen passava por uma fase obscura, muito álcool, muito cigarro, muita confusão mental e, em uma das primeiras cenas do filme, ele cai, chora, dá um soco em um espelho, corta a mão e Coppola segue filmando. Essa é uma das cenas mais incríveis do cinema. Esse é o caos de Apocalypse Now.

O filme tem 3 versões: a 1ª é Apocalypse Now (1979), a 2ª é Apocalypse Now: Redux (1999), que ganhou uma cena em que Willard é recebido por uma família francesa descendente dos primeiros colonizadores, e a 3ª versão é Apocalypse Now: Final Cut (2019), versão reeditada e lançada em HD. 

Há também um documentário que registra o período das gravações: Francis Ford Coppola – o apocalypse de um cinesta e vale muito a pena ouvir a trilha sonora do filme.