segunda-feira, 28 de maio de 2018

Que Bom te Ver Viva (Documentário) - Mulheres que sobreviveram à ditadura militar

      O documentário nacional “Que Bom te Ver Viva”, dirigido pela diretora Lúcia Murat, traz relatos de mulheres que foram torturadas durante a ditadura militar no Brasil.

    No filme, essas mulheres contam como sobreviveram a tanta violência na época e como estão sobrevivendo atualmente depois de passarem por uma experiência tão traumática. Nesse sentido, são apresentadas as consequências que essas mulheres sofreram em suas vidas e como ser uma ex-presa política impactou e ainda impacta sua vida como mãe, como filha e, sobretudo, como mulher. Aborda também como a sexualidade dessas mulheres foi afetada e a tortura em seu aspecto físico, psíquico e sexual.

     Ao mesmo tempo em que esses depoimentos são apresentados, a atriz Irene Ravache, em uma performance brilhante, interpreta uma personagem anônima, também vítima de tortura. “Essa é a minha história e vocês vão ter que me suportar!”, grita a atriz/personagem em um dos momentos iniciais do filme


    Para deixar claro essa dicotomia entre documentário/ficção a realidade e a interpretação da atriz Irene, a diretora Lúcia Murat, que também foi vítima de tortura pela ditadura militar, utiliza alguns artifícios fílmicos: utilizando luz natural e um enquadramento específico para gravar os depoimentos das vítimas e utilizando luz teatral para gravar as cenas de Irene.

     O filme se encontra disponível no Youtube.

Lucas Alencar
5º Período/Direito – UFRN
Membro do CineLegis desde 2017

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Os Intocáveis e o olhar sobre o diferente


           Os Intocáveis (Intouchables) é um filme lançado em 2011, baseado em fatos reais e recordista de bilheteria em diversos países ao redor do mundo, tornando-se o filme francês mais rentável da história. O tamanho sucesso do filme é merecido. O enredo aborda de maneira agradável e bem-humorada a sensível história de Philippe (François Cluzet), um aristocrata milionário que fica tetraplégico após um grave acidente. Em razão de sua deficiência, Philippe vê a necessidade de um cuidador para ajudá-lo em todas as suas atividades diárias. Nesse contexto, começa a entrevistar candidatos para o cargo juntamente com a sua assistente Magalie (Audrey Fleurot) e, apesar de se deparar com os mais qualificados profissionais, não confia o emprego a nenhum deles
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         Neste cenário, Driss (Omar Sy), um ex-presidiário residente  dos subúrbios de Paris, sem qualquer experiência para o cargo, comparece à entrevista apenas pela necessidade de comprovar sua presença para garantir seu seguro-desemprego, fornecido pelo direito francês. Sem intuito de conseguir a ocupação, o senegalês Driss, em decorrência de seu jeito peculiar, chama a atenção de Philippe, que decide lhe conceder a chance de trabalho.

            A partir daí, Driss, a despeito de sua inexperiência e de sua inicial falta de interesse, passa a cuidar de Philippe de uma maneira não convencional e, eventualmente, acaba por se tornar o melhor cuidador que o milionário já teve. Os dois superam suas distintas realidades e viram grandes amigos, de modo que vencem suas respectivas dificuldades e passam a encarar novas experiências juntos.

            Desse modo, a parceria aparentemente improvável entre um ex-detento morador da periferia e um deficiente físico aristocrata demonstra como o convívio com o diferente é capaz de abrir nossas mentes e mudar nossa visão de mundo. É nesse sentido que Driss – expulso de casa e excluído pela sociedade – decide arriscar algo que jamais experimentou e acaba por conseguir um notável crescimento pessoal. Philippe, por sua vez, abandona a zona de conforto e aprende a viver intensamente, mesmo após sua tragédia.

            O comprometimento com o bem estar do próximo, bem como a superação de preconceitos e a abertura para novas experiências, são os ensinamentos aspirados pelo filme francês, o qual retrata um tema delicado de modo descontraído e emocionante.



Kívia Florêncio

4º período/ Direito - UFRN

Membro do CineLegis em 2018

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Aniquilação e a autodestrutiva condição humana


Aniquilação (no original: Annihilation) é antes de tudo uma clássica ficção científica, que se de uma narrativa baseada em conceitos científicos para tratar de forma alegórica sobre um tema muito mais profundo.
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Na trama do filme um meteorito atinge um farol no  sul da Flórida, uma espécie de “bolha” se forma sobre a  região, passando a expandir-se. Chamada de “O Brilho” e  delimitando a misteriosa “Área X”, esta barreira se revela  uma passagem de mão única, já que ninguém que a  atravessa consegue retornar – com exceção do sargento  Kane (Oscar Isaac), que, depois de um ano desaparecido,  surge subitamente diante da esposa Lena (Natalie  Portman). Fisicamente afetado pela experiência, ele entra  em coma, levando Lena a se oferecer para acompanhar a  expedição seguinte à Área X a fim de tentar encontrar  alguma forma de curá-lo. Nessa nova expedição Lena ainda  é acompanhada pela à psicóloga Dra. Ventress, à  paramédica Anya Thorensen, à física Josie Radek e a  geomorfológa Cass Sheppard.

Contudo, para além do que se transmite expressamente em tela, podemos perceber que os temas centrais do filme dizem respeito à depressão, o suicídio e nossa tendência à autodestruição através de gestos e decisões que reconhecemos como potencialmente devastadores. Em outras palavras, é possível perceber que todo o enredo se desenrola por meio da temática do sofrimento humano.


Exemplo disso podemos retirar dos diálogos das personagens. “Todas temos problemas”, diz a geomorfóloga ao analisar por que se ofereceu, ao lado de quatro outras mulheres, para uma missão considerada suicida. Em outra situação, Quando Lena questiona a Ventress sobre o motivo para seu marido participar de uma ‘missão suicida’, a psicóloga rebate: “Quase ninguém comete suicídio, mas quase todos nos autodestruímos. De alguma maneira, em alguma parte de nossas vidas, nós bebemos, usamos drogas, desestabilizamos um emprego bom ou mesmo um casamento feliz”.
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Adotando o ouroboros como um  símbolo  temático da narrativa (sugerindo uma  ideia de ciclo que lava a própria aniquilação), o  filme busca discutir a tendência de muitos à  autodestruição ao criar paralelos entre estas  ações e as células que, multiplicando-se  descontroladamente, transformam a criação de  vida em um caminho para a morte através do  câncer. Ao mesmo tempo, a depressão surge  como motivador importante na decisão das  personagens de se oferecerem para uma missão suicida, tampouco sendo coincidência o fato de Lena dizer para um desacordado Kane que sabe por que este entrou na Área X (algo que descobriremos ao longo da narrativa).

Amarrando todos estes temas ao abordar as transformações pelas quais as personagens passam em função de incidentes traumáticos, do câncer, do alcoolismo e da depressão, o filme parece tentar nos convencer que a autodestruição faz parte do exercício do direito a liberdade e autodeterminação, e que estaríamos todos, em maior ou menor grau, buscando uma forma de nos autodestruirmos. 



Juan Lucas, 3° Período

Direito – UFRN

Membro do Cine Legis desde 2017

domingo, 13 de maio de 2018

Até o ùltimo homem: o embate entre guerra e paz


         Filme que tem como base uma história real, conta a trajetória de um corajoso soldado do interior dos Estados Unidos, chamado Desmond Doss (interpretado pelo ator Andrew Garfield), o qual promove ao longo de sua vivência inúmeras lições de vida escassas na atualidade.
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            Desmond é um indivíduo que acredita de maneira inimaginável em seus princípios transmitidos pela sua fé e pelo próprio aprendizado que adquiriu por determinadas situações em seu cotidiano. 
            Ao resolver alistar-se no exército americano, o jovem demonstra intensas divergência dos demais. Desmond Doss, baseado em seus princípios, compromete-se com si mesmo a não fazer uso de nenhuma arma de fogo, mesmo que necessário durante a guerra. Ao longo da trama pode-se notar que este fato causará diversos problemas e dificuldades a Doss, em especial por parte de seus colegas de exército e seus superiores, sendo castigado por tal atitude. 
            Apesar de seu voto “de paz”, o soldado é mandado a um dos campos de batalha mais sangrentos e terríveis na história da humanidade. A sua decisão de não utilizar armas de fogo foi responsável pelo salvamento de inúmeros outros companheiros durante esta guerra, na qual atuou como médico, salvando diversas vidas e levando ao seu reconhecimento. 
            A produção inicialmente mostra-se um clichê, causando um impacto surpreendente durante o decorrer do filme, ao demonstrar que nada do que se imagina inicialmente definirá a qualidade do filme. A cada momento e de formas diferentes, uma lição de amor e paz num mundo tão necessitado de tais elementos é passada ao público. 
            Portanto, as atitudes do médico servem de reflexão à atual sociedade massacrante, que esconde-se por trás de um véu de frieza e indiferença. Instigam a análise da importância do amor e paz como remédios para o mal desencadeado a cada dia, desde pequenas atitudes àquelas que impactam toda a humanidade.


Fernanda Jácome, 4° Período
Direito – UFRN
Membro do Cinelegis em 2017